Agora que já contei um pouco sobre a primeira vez e a importância que acredito que ela tenha, vou sugerir algumas estratégias para o primeiro encontro de catequese. Tudo o que falarei pode ser adaptado por faixa etária e utilizado em qualquer momento do ano catequético, apesar de valer a pena investir em um impacto inicial fora do comum.
A primeira estratégia que quero apresentar é uma que deu muito certo com catequizandos de Turma A (aqueles que vão receber a primeira eucaristia). Como essas crianças estão na fase da pré-adolescência, saindo da infância, já querem mais independência dos pais e é justamente por isso que procuro me dirigir a elas e não aos responsáveis.
Com esta ideia principal na cabeça – falar com o catequizando e não com os pais – você pode pensar em uma provocação pré-encontro. Gosto da carta (carta: instrumento arcaico de comunicação, do tempo em que mensagens eram escritas em papel e entregues por uma empresa especializada e não por email), pois eles se sentem bem importantes.
Mando com, no máximo, quinze dias de antecedência e uso a linguagem deles, mas passando a mensagem de que o encontro se aproxima, de que é importante a presença deles. Também dou um jeito de inserir no texto o nome e telefone dos catequistas, o nome da coordenadora da pastoral e o nome do Pároco. Outras informações que a carta leva são o horário, os trajes esperados e, se for o caso, o material que eles devem trazer. Tudo isso dentro de um contexto e com uma assinatura final bem marcante: Jesus Cristo.
Além de se sentirem importantes, já que não costumam receber cartas, os catequizandos ficam curiosos e percebem que aquele ano de catequese não será monótono, passivo. É uma ótima primeira impressão, não acham?
Gosto de completar a provocação ligando com dois dias de antecedência, ou mesmo na véspera. Neste momento, procuro também me dirigir ao catequizando, mas se um dos pais atender o telefone, aproveito para trocar uma palavrinha com ele. Dica extra: tenha sempre a ficha da criança/jovem na mão. Cuidado para não confundir mãe com avó, ou pior, com madrasta...
A segunda estratégia que também acredito interessante é começar a catequese em um lugar diferente. Assim, se você ministrará seus encontros em uma sala, que tal inicial o primeiro encontro na Capela? Ou na área externa da Paróquia? A ideia é faze-los sentir que não haverá monotonia, mesmice. Eles precisam perceber que ir à catequese será divertido, enriquecedor, que valerá a pena não ir ao shopping naquelas tardes...
Finalmente, a terceira estratégia é fazer um encontro muito, muito criativo. Utilizando o método ver-julgar-agir-celebrar (que em outra oportunidade explicarei), você pode criar um dia especial, mas, como é o primeiro encontro, também é permitido fazer algo fora do método, apenas nesse dia.
Na minha comunidade, o tema inicial é sempre o mesmo: Quem sou eu? Quem somos nós? O amor de Deus. Imagine o desafio de, ano após ano, realizar o mesmo tema de maneira diferente e especial... você pode pensar que todos acabamos repetindo o mesmíssimo encontro a cada ano, mas, na verdade, acontece o oposto. Os catequistas se veem provocados a criar, a superar o ano anterior em qualidade.
Sou fã de carteirinha dos meus companheiros de catequese e, é claro, usarei aqui também alguns de seus encontros como modelo (e sem pedir antes), aqui vai um: Com o tema acima escrito, houve uma turma de perseverança que fez um baile de máscaras no primeiro dia de catequese. Tinha de tudo: CD’s pendurados no teto e nas paredes, música do estilo que eles gostam e máscaras mil. No decorrer do encontro eles fizeram o link com o fato de que nós nem sempre estamos sem as máscaras e que o amor de Deus é pleno, não precisamos nos mascarar diante dele...um show de criatividade e utilização da linguagem jovem para falar de um assunto relevante.
Ainda refletindo sobre um encontro criativo e especial, lembro que um dos materiais mais utilizados em primeiras vezes, por óbvio, é o crachá. Apesar de sua utilização recorrente, não há motivo para fazer disso um monótono e sem criatividade item. Quer ver? Que tal pendura-los no teto e confecciona-los em formato de pomba do Espírito Santo? Ou então coloca-los embaixo das cadeiras e, depois da oração inicial, pedir que cada um pegue aquele que está na sua cadeira e procure o dono? Se você não faz questão de crachás perfeitinhos, pode fazer do primeiro dia uma oficina de artes plásticas, onde cada criança confeccionará, do jeito que quiser, o seu próprio crachá! Quer outra dica?
Que tal um jogo de adivinhação? Você escreve no verso dos crachás o nome do pai, da mãe, o dia do nascimento ou outra característica e o grupo tem que descobrir quem é o catequizando (ele não pode se acusar, tem que esperar ser descoberto). A apresentação do grupo pode, assim, ser feita via crachá, mas também pode vir de outra forma. Por exemplo, peça que cada um traga uma foto de quando era bebê e faça o mesmo jogo de adivinhação proposto para os crachás, mas com as fotos. Outra ideia, muito boa para crianças menores que adoram desenhar, é pedir que cada um faça um autoretrato e, a partir deles, montar o mesmo jogo.
Encerrando o tema e ainda pensando no impacto da primeira vez, gostaria de lembrar que a catequese deve ser um contrato celebrado entre catequizando e catequista. Por isso, procure desde o começo demonstrar quais são as suas expectativas para o ano catequético. Eu, por exemplo, acredito em responsabilidade, em seriedade; afinal, não consigo achar que catequese é menos importante do que escola ou natação.
Assim, eu sou muito clara quanto ao que espero deles. Falo do horário, do material, das atividades que mandarei para casa (falaremos disso depois, com certeza), das faltas, das vestimentas, do comportamento. Pode parecer enfadonho, mas descobri que crianças precisam sim de autoridade e gostam de saber o que esperamos delas. Claro que não é para agirmos como em um quartel, mas também é extremamente necessário esclarecer que a catequese não é praia, nem clube, e que as coisas que fazemos para Deus precisam ser feitas com amor e muito carinho.
Não fico falando duas horas sobre essas coisas (até porque meu esforço para uma primeira vez especial iria por água abaixo), mas toco no assunto e vou, ao longo do ano, reiterando e explicando. Aliás, explicar é a melhor forma de se comunicar com crianças e jovens, eles querem e merecem que nós tenhamos justificativas para as nossas exigências. E, convenhamos, explicar o porquê do limite de faltas é moleza, ou alguém acha que faltar 10 encontros dará ao catequizando condições de conhecer profundamente o amor de Deus?
Bem, é isso. Espero que as ideias ajudem a impactar nossos meninos e leva-los a sentir prazer na convivência paroquial. Tenho certeza que, enquanto lia, você teve várias ideias, então partilhe, escreva elas aqui! Vamos multiplicar nossas aptidões e assim ecoar o amor, que é a nossa missão desde o primeiro instante.
Abraço, Lucyanna
Olá Lucyanna,
ResponderExcluirparabéns pela iniciativa de transformar seu tempo ocioso em trocas de experiências. Os primeiros artigos ficaram muito bons e a tendência é só melhorar, bagagem você tem! Um abraço.
Matheus Reino.
Parabéns pelo Blog Luciana.
ResponderExcluirEstou tendo a oportunidade de dar catequese para Turma A e receber dicas de uma grande catequista, que inclusive foi marcante para mim, é muito bom!
Continue postando no blog que está sendo de grande valia.
Grato,
Roberlan
Obrigada Roberlan, tomara que ajude. Essa é a ideia! Se tiver sugestões de temas, é só falar! Abraços, Lucyanna
ResponderExcluirMatheus, só hoje apareceu seu comentário!!! Obrigada e venha sempre dar uma olhadinha e contribuir com ideias, ok? Abraços, Lucyanna
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