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sábado, 14 de maio de 2011

O tal ver-julgar-agir


Desde o primeiro dia em que fui apresentada à catequese da Paróquia Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Mercês (eu ainda não tinha dito o nome da minha casa, não é?), uma expressão sempre esteve presente: ver-julgar-agir. Durante toda a formação, e mesmo após ela, a coordenadora insistia em reiterar que nós deveríamos utilizar o método em sala com as crianças, pois ele era o método preferencial da Igreja.

Confesso que comecei a achar essa história de catequese muito difícil. Não bastava aprender sobre um tema, estuda-lo profundamente e montar um encontro que transmitisse o conteúdo de maneira eficiente para o coração e para a mente dos meninos. Tudo isso só seria feito da maneira desejada pela Igreja se eu utilizasse o tal método. Imaginem como minha cabeça girava...que saudade do grupo jovem, onde dinâmicas e palestras eram, praticamente, nosso meio de comunicação, onde bastavam alguns livros ou sites com atividades para eu me abastecer de tais dinâmicas...

Por outro lado, não posso negar que gosto de um desafio e, se era isso que a Igreja esperava de seus catequistas, eu estava decidida a aprender e utilizar o método, mesmo que isso demandasse esforço. Até porque, se não fosse para me esforçar, qual o sentido de aceitar ser catequista? Melhor seria o conforto de permanecer uma Católica passiva.

E ai começou minha saga. Comecei lendo dois documentos que tratam não só do método, mas do conteúdo e da estrutura da catequese: Catequese renovada, 1983 (documento 26 CNBB) e Diretório Nacional de Catequese, 1997 (hoje, temos o Diretório de 2005 (documento 84 CNBB), mais recente e atualizado). Não vou aqui transcrever os textos, mas citarei algumas das colocações da CNBB e sugiro que vocês leiam e releiam essas fontes, pois acredito que o catequista precisa estar ciente do que se espera dele e quais são os objetivos que a Igreja busca alcançar via catequese.

Bem, a palavra chave do método é, sem dúvida, interação. Na verdade, não é um simples método, mas um princípio metodológico que deve estar na catequese como um todo. Inter-ação: um relacionamento. Fé e vida devem se entrelaçar, devem ser apresentadas em unidade, dentro de um mesmo contexto. Não atinge o objetivo catequético ensinar a doutrina católica sem inseri-la na vivência do catequizando, em sua realidade social, pessoal, nacional, mundial. Nas palavras da CNBB:

113. Pois, por tudo o que vimos anteriormente, na catequese realiza-se uma inter-ação (um relacionamento mútuo e eficaz) entre a experiência de vida e a formulação da fé; entre a vivência atual e o dado da Tradição. De um lado a experiência da vida levanta perguntas; de outro, a formulação da fé é busca de explicitação das respostas a essas perguntas. De um lado, a fé propõe a mensagem de Deus e convida a uma comunhão com ele, que ultrapassa a busca e as expectativas humanas; de outro a experiência humana é questionada e estimulada a abrir-se para esse horizonte mais amplo. (Catequese Renovada, p. 15)

Na prática, a Igreja nos exorta a proceder como Jesus, que ensinava as coisas do Reino por meio das coisas corriqueiras. Assim, devemos apresentar as coisas de Deus aos nossos catequizandos, mas sempre as inserindo dentro do contexto da realidade das crianças, dos jovens e dos adultos.

E é justamente para facilitar essa inserção social que a Igreja, desde a Conferência de Puebla (1979), apresenta e estimula a utilização do método ver-julgar-agir, atualmente ver-iluminar-agir, ou ainda, ver-iluminar-agir-celebrar-rever. Em síntese, o catequista deve apresentar um tema a partir da realidade de seus catequizandos (ver), iluminar a questão por intermédio da Palavra de Deus (julgar/iluminar) e propor uma mudança na atitude dos catequizandos a partir dos ensinamentos (agir transformador), sempre caminhando para a formação de cristãos conscientes e verdadeiramente comprometidos com o Reino de Deus.

Em verdade, o método se inicia com a acolhida dos catequizandos. O catequista deve receber a criança na sala do encontro, realizar uma oração inicial. Pode preparar uma lembrancinha que indique, de alguma maneira, o tema que será objeto de discussão e, com isso, apresentar o assunto.

A essa apresentação do assunto, damos o nome de VER. O sentido estimulado é, por óbvio, a visão. Mas não uma visão passiva, o catequista precisa estimular os catequizandos a refletirem criticamente sobre o tema. Claro que cada faixa etária tem suas próprias peculiaridades, mas todas são capazes de realizar esta análise inicial. O interessante é que deste olhar crítico, onde a situação apresentada é inserida em um contexto social, econômico, político, familiar e pessoal, o cristão será capaz de retirar a iluminação da fé. Ou seja, ao estimular o VER, o catequista observará que os próprios catequizandos apontarão o caminho do ILUMINAR.

ILUMINAR ou JULGAR é buscar a resposta para a situação apresentada junto à PALAVRA DE DEUS. Deus já nos deu as respostas, basta procura-las, reconhece-las e acolhe-las. Qual a vontade do Pai, o que Ele gostaria de ver em nossas atitudes em relação ao assunto apresentado? Esta pergunta é respondida pela Palavra, pela leitura das Sagradas Escrituras e da doutrina da Igreja. Aqui a reflexão deve ser pessoal e comunitária, pois um aspecto sempre enriquece o outro.

Como um novelo de lã a se desenrolar, a consequência lógica do método é que, depois de refletir sobre uma temática e conhecer o que Deus quer de nós naquela situação, nós façamos uma escolha: seguir ou não o desejo do Pai. Eis o momento do AGIR TRANSFORMADOR. É a hora de modificar atitudes, reafirmar posições, transformar vidas! Pode parecer prepotência, mas é esse o objetivo maior da catequese: ecoar a Palavra para que o Reino de Deus seja hoje. Para isso, necessária a transformação, a mudança, o amadurecimento cristão.

Ora, quando há coerência entre fé e vida, a consequência é um agir voltado para o querer de Deus. Por isso, o método é completo, pleno. Primeiro olhamos o cotidiano, o assunto que queremos tratar; depois iluminamos o tema à luz da Palavra e, como resultado, atuamos para transformar, para modificar, para realizar o Reino no agora.

Finalmente, temos o CELEBRAR, onde a graça divina é sentida de perto, pela oração, pelo louvor, pela contemplação; e o REVER, onde o que foi visto é objeto de nova avaliação, mais do que uma revisão pura e simples, busca-se verificar se os caminhos propostos no AGIR foram seguidos e quais os frutos dessa mudança de atitude.

Ufa! Parece complicado, não é mesmo? Eu também achava, mas depois de colocar em prática algumas vezes, o método acaba se tornando automático e, eu diria, um vício. Hoje me vejo aplicando o método até nas conversas do trabalho ou mesmo em casa, com meu marido e meu filho mais velho.

No próximo post, vou utilizar o método em um encontro, como exemplo. E tentarei demonstrar que, mesmo em diferentes faixas de idade, a utilização do VER-ILUMINAR-AGIR é viável. Um só tema, mas em três turmas diferentes (pré-catequese, catequese e perseverança), eis o meu desafio!

Um grande abraço e até lá, Lucyanna





Um comentário:

  1. olá Estou entrando pra coordenaçao catequetica de meu bairro e estou estudando como entroduzir o metodo amei as expricaçoes aqui obrigada Yara

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