Que bom que você veio! Que a paz do Senhor esteja com você e com todos os seus!

domingo, 4 de agosto de 2013

Dia do Padre


O que escrever? 

Acredito que muitos blogs de catequese irão explicar o significado da data, trazer maravilhosas atividades e propor lindas mensagens sobre a data.

Eu me proponho (e proponho a você, leitor) algo mais simples: rezar.

Rezo hoje pelas vocações sacerdotais. Que sejam muitas, fartas, pródigas! Que sejam plenas, verdadeiras e transformadoras!

Rezo pelos padres que conheço, pelos que nunca conhecerei. Rezo por aqueles que aqui já passaram e estão gozando do merecido prêmio pela doação de suas vidas. Rezo por aqueles que, ainda por aqui, se doam.

Rezo pelas famílias Católicas, para que aprendam a semear vocações sacerdotais em seus lares. Até bem pouco tempo atrás, ter um padre na família era motivo de orgulho, júbilo. Hoje, quando digo que gostaria de ver um dos meus rapazes com a vocação, escuto toda espécie de expressões negativas, sempre começando pela interjeição "coitado"!



Rezo para que compreendamos que nossa religião necessita de padres e nossos lares são sim o lugar perfeito para que o Espírito Santo comece a agir, a mostrar aos pequenos as maravilhas do caminho do sacerdócio.

Rezo por aqueles que não compreendem a complexidade, a grandeza, a singeleza e a pequenez desta escolha. Homens que se fazem pequenos para que Deus seja grande neles!

Rezo por nossas paróquias, para que nós, os leigos, saibamos acolher os padres como eles são: seres humanos, com defeitos muitos e qualidades muitas, mas que escolheram viver a doação plena de suas vidas. Pessoas que precisam de nós para viver suas vocações, assim como nós precisamos delas para viver as nossas.

Rezo pelo Santo Padre, para que suas intenções cheguem aos céus e para que seu propósito transformador seja compreendido sem ruídos ou reducionismos. Rezo pelo meu Bispo, e pelo seu também, para que tenha a força necessária na empreitada de guiar. 

Rezo pela Santa Igreja Católica, erguida na figura do Senhor, por meio de seus discípulos, homens corajosos que tiveram a chama do amor acesa pelo Espírito Santo. Discípulos que hoje se chamam PADRES.

Olha aí meu amado Padre Mateo, outra vez!
Obrigada, meu bom Deus, por cada um dos sacerdotes que nos enviaste. Amém.


Sigamos, semeando amor. Lucyanna

domingo, 28 de julho de 2013

E o Papa falou aos Bispos...falou a todos os dirigentes do CELAM...

As palavras que ora transcrevo são de tamanha relevância para nós, catequistas, que merecem uma leitura atenta, humilde e aberta. Em próximos posts irei refletir sobre tudo o que o Santo Padre falou hoje ao CELAM, pois creio que a mensagem vai para além dos Bispos, vai para cada um de nós.
Sigamos semeando amor! Que venha agosto, o mês das vocações! Que venham os desafios!
Lucyanna


"1. Introdução
Agradeço ao Senhor por esta oportunidade de poder falar com vocês, Irmãos Bispos responsáveis do CELAM no quadriênio 2011-2015. Há 57 anos que o CELAM serve as 22 Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe, colaborando solidária e subsidiariamente para promover, incentivar e dinamizar a colegialidade episcopal e a comunhão entre as Igrejas da Região e seus Pastores.
Como vocês, também eu sou testemunha do forte impulso do Espírito na V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em Aparecida no mês de maio de 2007, que continua animando os trabalhos do CELAM para a anelada renovação das Igrejas particulares. Em boa parte delas, essa renovação já está em andamento. Gostaria de centrar esta conversação no patrimônio herdado daquele encontro fraterno e que todos batizamos como Missão Continental.
2. Características peculiares de Aparecida
Existem quatro características típicas da referida V Conferência. Constituem como que quatro colunas do desenvolvimento de Aparecida que lhe dão a sua originalidade.
1) Início sem documento
Medelín, Puebla e Santo Domingo começaram os seus trabalhos com um caminho preparatório que culminou em uma espécie de Instrumentum laboris, com base no qual se desenrolou a discussão, a reflexão e a aprovação do documento final. Em vez disso, Aparecida promoveu a participação das Igrejas particulares como caminho de preparação que culminou em um documento de síntese. Este documento, embora tenha sido ponto de referência durante a V Conferência Geral, não foi assumido como documento de partida. O trabalho inicial foi pôr em comum as preocupações dos Pastores perante a mudança de época e a necessidade de recuperar a vida de discípulo e missionário com que Cristo fundou a Igreja.
2) Ambiente de oração com o Povo de Deus
É importante lembrar o ambiente de oração gerado pela partilha diária da Eucaristia e de outros momentos litúrgicos, tendo sido sempre acompanhados pelo Povo de Deus. Além disso, realizando-se os trabalhos na cripta do Santuário, a “música de fundo” que os acompanhava era constituída pelos cânticos e as orações dos fiéis.
3) Documento que se prolonga em compromisso, com a Missão Continental
Neste contexto de oração e vivência de fé, surgiu o desejo de um novo Pentecostes para a Igreja e o compromisso da Missão Continental. Aparecida não termina com um documento, mas prolonga-se na Missão Continental.
4) A presença de Nossa Senhora, Mãe da América
É a primeira Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe que se realiza em um Santuário mariano.
3. Dimensões da Missão Continental
A Missão Continental está projetada em duas dimensões: programática e paradigmática. A missão programática, como o próprio nome indica, consiste na realização de atos de índole missionária. A missão paradigmática, por sua vez, implica colocar em chave missionária a atividade habitual das Igrejas particulares. Em consequência disso, evidentemente, verifica-se toda uma dinâmica de reforma das estruturas eclesiais. A “mudança de estruturas” (de caducas a novas) não é fruto de um estudo de organização do organograma funcional eclesiástico, de que resultaria uma reorganização estática, mas é consequência da dinâmica da missão. O que derruba as estruturas caducas, o que leva a mudar os corações dos cristãos é justamente a missionariedade. Daqui a importância da missão paradigmática.
A Missão Continental, tanto programática como paradigmática, exige gerar a consciência de uma Igreja que se organiza para servir a todos os batizados e homens de boa vontade. O discípulo de Cristo não é uma pessoa isolada em uma espiritualidade intimista, mas uma pessoa em comunidade para se dar aos outros. Portanto, a Missão Continental implica pertença eclesial.
Uma posição como esta, que começa pelo discipulado missionário e implica entender a identidade do cristão como pertença eclesial, pede que explicitemos quais são os desafios vigentes da missionariedade discipular. Me limito a assinalar dois: a renovação interna da Igreja e o diálogo com o mundo atual.
Renovação interna da Igreja
Aparecida propôs como necessária a Conversão Pastoral. Esta conversão implica acreditar na Boa Nova, acreditar em Jesus Cristo portador do Reino de Deus, em sua irrupção no mundo, em sua presença vitoriosa sobre o mal; acreditar na assistência e guia do Espírito Santo; acreditar na Igreja, Corpo de Cristo e prolongamento do dinamismo da Encarnação.
Neste sentido, é necessário que nos interroguemos, como Pastores, sobre o andamento das Igrejas a que presidimos. Estas perguntas servem de guia para examinar o estado das dioceses quanto à adoção do espírito de Aparecida, e são perguntas que é conveniente pôr-nos, muitas vezes, como exame de consciência.
1. Procuramos que o nosso trabalho e o de nossos presbíteros seja mais pastoral que administrativo? Quem é o principal beneficiário do trabalho eclesial, a Igreja como organização ou o Povo de Deus na sua totalidade?
2. Superamos a tentação de tratar de forma reativa os problemas complexos que surgem? Criamos um hábito proativo? Promovemos espaços e ocasiões para manifestar a misericórdia de Deus? Estamos conscientes da responsabilidade de repensar as atitudes pastorais e o funcionamento das estruturas eclesiais, buscando o bem dos fiéis e da sociedade?
3. Na prática, fazemos os fiéis leigos participantes da Missão? Oferecemos a Palavra de Deus e os Sacramentos com consciência e convicção claras de que o Espírito se manifesta neles?
4. Temos como critério habitual o discernimento pastoral, servindo-nos dos Conselhos Diocesanos? Tanto estes como os Conselhos paroquiais de Pastoral e de Assuntos Econômicos são espaços reais para a participação laical na consulta, organização e planejamento pastoral? O bom funcionamento dos Conselhos é determinante. Acho que estamos muito atrasados nisso.
5. Nós, Pastores Bispos e Presbíteros, temos consciência e convicção da missão dos fiéis e lhes damos a liberdade para irem discernindo, de acordo com o seu processo de discípulos, a missão que o Senhor lhes confia? Apoiamo-los e acompanhamos, superando qualquer tentação de manipulação ou indevida submissão? Estamos sempre abertos para nos deixarmos interpelar pela busca do bem da Igreja e da sua Missão no mundo?
6. Os agentes de pastoral e os fiéis em geral sentem-se parte da Igreja, identificam-se com ela e aproximam-na dos batizados indiferentes e afastados?
Como se pode ver, aqui estão em jogo atitudes. A Conversão Pastoral diz respeito, principalmente, às atitudes e a uma reforma de vida. Uma mudança de atitudes é necessariamente dinâmica: “entra em processo” e só é possível moderá-lo acompanhando-o e discernindo-o. É importante ter sempre presente que a bússola, para não se perder nesse caminho, é a identidade católica concebida como pertença eclesial.
Diálogo com o mundo atual
Faz-nos bem lembrar estas palavras do Concílio Vaticano II: As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo, sobretudo dos pobres e atribulados, são também alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos discípulos de Cristo (cf. GS, 1). Aqui reside o fundamento do diálogo com o mundo atual.
A resposta às questões existenciais do homem de hoje, especialmente das novas gerações, atendendo à sua linguagem, entranha uma mudança fecunda que devemos realizar com a ajuda do Evangelho, do Magistério e da Doutrina Social da Igreja. Os cenários e areópagos são os mais variados. Por exemplo, em uma mesma cidade, existem vários imaginários coletivos que configuram “diferentes cidades”. Se continuarmos apenas com os parâmetros da “cultura de sempre”, fundamentalmente uma cultura de base rural, o resultado acabará anulando a força do Espírito Santo. Deus está em toda a parte: há que saber descobri-lo para poder anunciá-lo no idioma dessa cultura; e cada realidade, cada idioma tem um ritmo diferente.
4. Algumas tentações contra o discipulado missionário
A opção pela missionariedade do discípulo sofrerá tentações. É importante saber por onde entra o espírito mau, para nos ajudar no discernimento. Não se trata de sair à caça de demônios, mas simplesmente de lucidez e prudência evangélicas. Limito-me a mencionar algumas atitudes que configuram uma Igreja “tentada”. Trata-se de conhecer determinadas propostas atuais que podem mimetizar-se em a dinâmica do discipulado missionário e deter, até fazê-lo fracassar, o processo de Conversão Pastoral.
1. A ideologização da mensagem evangélica. É uma tentação que se verificou na Igreja desde o início: procurar uma hermenêutica de interpretação evangélica fora da própria mensagem do Evangelho e fora da Igreja. Um exemplo: a dado momento, Aparecida sofreu essa tentação sob a forma de assepsia. Foi usado, e está bem, o método de “ver, julgar, agir” (cf. n.º 19). A tentação se encontraria em optar por um “ver” totalmente asséptico, um “ver” neutro, o que não é viável. O ver está sempre condicionado pelo olhar. Não há uma hermenêutica asséptica. Então a pergunta era: Com que olhar vamos ver a realidade? Aparecida respondeu: Com o olhar de discípulo. Assim se entendem os números 20 a 32. Existem outras maneiras de ideologização da mensagem e, atualmente, aparecem na América Latina e no Caribe propostas desta índole. Menciono apenas algumas:
a) O reducionismo socializante. É a ideologização mais fácil de descobrir. Em alguns momentos, foi muito forte. Trata-se de uma pretensão interpretativa com base em uma hermenêutica de acordo com as ciências sociais. Engloba os campos mais variados, desde o liberalismo de mercado até à categorização marxista.
b) A ideologização psicológica. Trata-se de uma hermenêutica elitista que, em última análise, reduz o “encontro com Jesus Cristo” e seu sucessivo desenvolvimento a uma dinâmica de autoconhecimento. Costuma verificar-se principalmente em cursos de espiritualidade, retiros espirituais, etc. Acaba por resultar numa posição imanente auto-referencial. Não tem sabor de transcendência, nem portanto de missionariedade.
c) A proposta gnóstica. Muito ligada à tentação anterior. Costuma ocorrer em grupos de elites com uma proposta de espiritualidade superior, bastante desencarnada, que acaba por desembocar em posições pastorais de “quaestiones disputatae”. Foi o primeiro desvio da comunidade primitiva e reaparece, ao longo da história da Igreja, em edições corrigidas e renovadas. Vulgarmente são denominados “católicos iluminados” (por serem atualmente herdeiros do Iluminismo).
d) A proposta pelagiana. Aparece fundamentalmente sob a forma de restauracionismo. Perante os males da Igreja, busca-se uma solução apenas na disciplina, na restauração de condutas e formas superadas que, mesmo culturalmente, não possuem capacidade significativa. Na América Latina, costuma verificar-se em pequenos grupos, em algumas novas Congregações Religiosas, em tendências para a “segurança” doutrinal ou disciplinar. Fundamentalmente é estática, embora possa prometer uma dinâmica para dentro: regride. Procura “recuperar” o passado perdido.
2. O funcionalismo. A sua ação na Igreja é paralisante. Mais do que com a rota, se entusiasma com o “roteiro”. A concepção funcionalista não tolera o mistério, aposta na eficácia. Reduz a realidade da Igreja à estrutura de uma ONG. O que vale é o resultado palpável e as estatísticas. A partir disso, chega-se a todas as modalidades empresariais de Igreja. Constitui uma espécie de “teologia da prosperidade” no organograma da pastoral.
3. O clericalismo é também uma tentação muito atual na América Latina. Curiosamente, na maioria dos casos, trata-se de uma cumplicidade viciosa: o sacerdote clericaliza e o leigo lhe pede por favor que o clericalize, porque, no fundo, lhe resulta mais cômodo. O fenômeno do clericalismo explica, em grande parte, a falta de maturidade adulta e de liberdade cristã em boa parte do laicato da América Latina: ou não cresce (a maioria), ou se abriga sob coberturas de ideologizações como as indicadas, ou ainda em pertenças parciais e limitadas. Em nossas terras, existe uma forma de liberdade laical através de experiências de povo: o católico como povo. Aqui vê-se uma maior autonomia, geralmente sadia, que se expressa fundamentalmente na piedade popular. O capítulo de Aparecida sobre a piedade popular descreve, em profundidade, essa dimensão. A proposta dos grupos bíblicos, das comunidades eclesiais de base e dos Conselhos pastorais está na linha de superação do clericalismo e de um crescimento da responsabilidade laical.
Poderíamos continuar descrevendo outras tentações contra o discipulado missionário, mas acho que estas são as mais importantes e com maior força neste momento da América Latina e do Caribe.
5. Algumas orientações eclesiológicas
1. O discipulado-missionário que Aparecida propôs às Igrejas da América Latina e do Caribe é o caminho que Deus quer para “hoje”. Toda a projeção utópica (para o futuro) ou restauracionista (para o passado) não é do espírito bom. Deus é real e se manifesta no “hoje”. A sua presença, no passado, se nos oferece como “memória” da saga de salvação realizada quer em seu povo quer em cada um de nós; no futuro, se nos oferece como “promessa” e esperança. No passado, Deus esteve lá e deixou sua marca: a memória nos ajuda encontrá-lo; no futuro, é apenas promessa… e não está nos mil e um “futuríveis”. O “hoje” é o que mais se parece com a eternidade; mais ainda: o “hoje” é uma centelha de eternidade. No “hoje”, se joga a vida eterna.
O discipulado missionário é vocação: chamada e convite. Acontece em um “hoje”, mas “em tensão”. Não existe o discipulado missionário estático. O discípulo missionário não pode possuir-se a si mesmo; a sua imanência está em tensão para a transcendência do discipulado e para a transcendência da missão. Não admite a auto-referencialidade: ou refere-se a Jesus Cristo ou refere-se às pessoas a quem deve levar o anúncio dele. Sujeito que se transcende. Sujeito projetado para o encontro: o encontro com o Mestre (que nos unge discípulos) e o encontro com os homens que esperam o anúncio.
Por isso, gosto de dizer que a posição do discípulo missionário não é uma posição de centro, mas de periferias: vive em tensão para as periferias… incluindo as da eternidade no encontro com Jesus Cristo. No anúncio evangélico, falar de “periferias existenciais” descentraliza e, habitualmente, temos medo de sair do centro. O discípulo-missionário é um descentrado: o centro é Jesus Cristo, que convoca e envia. O discípulo é enviado para as periferias existenciais.
2. A Igreja é instituição, mas, quando se erige em “centro”, se funcionaliza e, pouco a pouco, se transforma em uma ONG. Então, a Igreja pretende ter luz própria e deixa de ser aquele “mysterium lunae” de que nos falavam os Santos Padres. Torna-se cada vez mais auto-referencial, e se enfraquece a sua necessidade de ser missionária. De “Instituição” se transforma em “Obra”. Deixa de ser Esposa, para acabar sendo Administradora; de Servidora se transforma em “Controladora”. Aparecida quer uma Igreja Esposa, Mãe, Servidora, facilitadora da fé e não controladora da fé.
3. Em Aparecida, verificam-se de forma relevante duas categorias pastorais, que surgem da própria originalidade do Evangelho e nos podem também servir de orientação para avaliar o modo como vivemos eclesialmente o discipulado missionário: a proximidade e o encontro. Nenhuma das duas é nova, antes configuram a maneira como Deus se revelou na história. É o “Deus próximo” do seu povo, proximidade que chega ao máximo quando Ele encarna. É o Deus que sai ao encontro do seu povo. Na América Latina e no Caribe, existem pastorais “distantes”, pastorais disciplinares que privilegiam os princípios, as condutas, os procedimentos organizacionais… obviamente sem proximidade, sem ternura, nem carinho. Ignora-se a “revolução da ternura”, que provocou a encarnação do Verbo. Há pastorais posicionadas com tal dose de distância que são incapazes de conseguir o encontro: encontro com Jesus Cristo, encontro com os irmãos. Este tipo de pastoral pode, no máximo, prometer uma dimensão de proselitismo, mas nunca chegam a conseguir inserção nem pertença eclesial. A proximidade cria comunhão e pertença, dá lugar ao encontro. A proximidade toma forma de diálogo e cria uma cultura do encontro. Uma pedra de toque para aferir a proximidade e a capacidade de encontro de uma pastoral é a homilia. Como são as nossas homilias? Estão próximas do exemplo de Nosso Senhor, que “falava como quem tem autoridade”, ou são meramente prescritivas, distantes, abstratas?
4. Quem guia a pastoral, a Missão Continental (seja programática seja paradigmática), é o Bispo. Ele deve guiar, que não é o mesmo que comandar. Além de assinalar as grandes figuras do episcopado latino-americano que todos nós conhecemos, gostaria de acrescentar aqui algumas linhas sobre o perfil do Bispo, que já disse aos Núncios na reunião que tivemos em Roma. Os Bispos devem ser Pastores, próximos das pessoas, pais e irmãos, com grande mansidão: pacientes e misericordiosos. Homens que amem a pobreza, quer a pobreza interior como liberdade diante do Senhor, quer a pobreza exterior como simplicidade e austeridade de vida. Homens que não tenham “psicologia de príncipes”. Homens que não sejam ambiciosos e que sejam esposos de uma Igreja sem viver na expectativa de outra. Homens capazes de vigiar sobre o rebanho que lhes foi confiado e cuidando de tudo aquilo que o mantém unido: vigiar sobre o seu povo, atento a eventuais perigos que o ameacem, mas sobretudo para cuidar da esperança: que haja sol e luz nos corações. Homens capazes de sustentar com amor e paciência os passos de Deus em seu povo. E o lugar onde o Bispo pode estar com o seu povo é triplo: ou à frente para indicar o caminho, ou no meio para mantê-lo unido e neutralizar as debandadas, ou então atrás para evitar que alguém se desgarre mas também, e fundamentalmente, porque o próprio rebanho tem o seu olfato para encontrar novos caminhos.
Não quero juntar mais detalhes sobre a pessoa do Bispo, mas simplesmente acrescentar, incluindo-me a mim mesmo nesta afirmação, que estamos um pouco atrasados no que a Conversão Pastoral indica. Convém que nos ajudemos um pouco mais a dar os passos que o Senhor quer que cumpramos neste “hoje” da América Latina e do Caribe. E seria bom começar por aqui.
Agradeço-lhes a paciência de me ouvirem. Desculpem a desordem do discurso e lhes peço, por favor, para tomarmos a sério a nossa vocação de servidores do povo santo e fiel de Deus, porque é nisso que se exerce e mostra a autoridade: na capacidade de serviço. Muito obrigado!

sexta-feira, 26 de julho de 2013

palavras do Papa Francisco - 25/7/13, Copacabana, Brasil


“Jovens amigos,

‘É bom estarmos aqui’, exclamou Pedro, depois de ter visto o Senhor Jesus transfigurado, revestido de glória. Queremos também nós repetir estas palavras? Penso que sim, porque para todos nós, hoje, é bom estar aqui juntos, unidos em torno de Jesus! Ele que nos acolhe e se faz presente em meio a nós, aqui no Rio.

Mas, no Evangelho, escutamos também as palavras de Deus Pai: ‘Este é o meu Filho, Escutai-o’. Então, se por um lado é Jesus quem nos acolhe, por outro também nós devemos acolhê-lo, ficar à escuta da sua palavra, pois é justamente acolhendo a Jesus Cristo, palavra encarnada, que o Espírito Santo nos transforma, ilumina o caminho do futuro e faz crescer em nós as asas da esperança para caminharmos com alegria.

Mas o que podemos fazer? ‘Bote fé!’ A Cruz da Jornada Mundial da Juventude peregrinou através do Brasil inteiro com este apelo. ‘Bote fé!’ O que significa? Quando se prepara um bom prato e vê que falta o sal, você então ‘bota’ o sal; falta o azeito, então ‘bota’ o azeite... ‘Botar’, ou seja, colocar, derramar. É assim também na nossa vida, queridos jovens: se queremos que ela tenha realmente sentido e plenitude, como vocês mesmos desejam e merecem, digo a cada um e a cada uma de vocês: ‘bote fé’ e a vida terá um sabor novo, terá uma bússola que indica a direção; ‘bote esperança’ e todos os seus serão iluminados e o seu horizonte já não será escuro, mas luminoso; ‘bote amor’ e a sua existência será como uma casa construída sobre a rocha, o seu caminho será alegre, porque encontrará muitos amigos que caminham com você. ‘Bote fé, bote esperança, bote amor!’
Transfiguração
Mas quem pode nos dar tudo isso? No Evangelho, escutamos a resposta: Cristo. ‘Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-O!’ Jesus é Aquele que nos traz a Deus e que nos leva a Deus; com Ele toda a nossa vida se transforma, se renova e nós podemos olhar a realidade com novos olhos, a partir da perspectiva de Jesus e com seus olhos. Por isso, hoje, lhes digo com força: ‘Bote Cristo’ na sua vida e você encontrará um amigo em quem sempre confiar; ‘bote Cristo’, e você verá crescer as asas da esperança para percorrer com alegria o caminho do futuro; ‘bote Cristo’ e a sua vida ficará cheia do seu amor, será uma vida fecunda.

Hoje, queria que nos perguntássemos com sinceridade: em quem depositamos a nossa confiança? Em nós mesmos, nas coisas, ou em Jesus? Sentimo-nos tentados a colocar a nós mesmos no centro, a crer que somos somente nós que construímos a nossa vida, ou que ela se encha de felicidade com o possuir, com o dinheiro, com o poder. Mas não é assim! É verdade, o ter, o dinheiro, o poder podem gerar um momento de embriaguez, a ilusão de ser feliz, mas no fim das contas, são eles que nos possuem, e novas a querer ter sempre mais a nunca estar saciados. ‘Bote Cristo’ na sua vida, deposite n’Ele a sua confiança e você nunca se decepcionará! Vejam, queridos amigos, a fé realiza a nossa vida uma revolução que podíamos chamar copernicana, porque nos tira do centro e o restitui a Deus; a fé nos imerge no seu amor que nos dá segurança, força, esperança. Aparentemente não muda nada, mas, no mais íntimo de nós mesmos, tudo muda.


No nosso coração, habita a paz, a mansidão, a ternura, a coragem, a serenidade e a alegria, que são os frutos do Espírito Santo e a nossa existência se transforma, o nosso modo de pensar e agir se transforma, o nosso modo se renova, torna-se o modo de pensar e de agir Jesus, de Deus. No Ano da Fé, esta Jornada Mundial da Juventude é justamente um dom que nos é oferecido para ficarmos ainda mais perto de Deus, para ser seus discípulos e seus missionários, para deixar que Ele renove a nossa vida.

Querido jovem: ‘bote Cristo’ na sua vida. Nestes dias, Ele lhe espera na palavra: escute-O com atenção e o seu coração será inflamado pela sua presença; ‘Bote Cristo: Ele lhe acolhe no Sacramento do perdão, para curar, com a sua misericórdia, as feridas do pecado. Não tenham medo de pedir perdão a Deus. Ele nunca se cansa de nos perdoar, como um pai que nos ama. Deus é pura misericórdia! ‘Bote Cristo’: Ele lhe espera no encontro com a sua Carne na Eucaristia, Sacramento da sua presença, do seu sacrifício de amor, e na humanidade de tantos jovens que vão lhe enriquecer com a sua amizade, lhe encorajar com o seu testemunho de fé, lhe ensinar a linguagem da caridade, da bondade, do serviço. Você também, querido jovem, pode ser uma testemunha jubilosa do seu amor, uma testemunha corajosa do seu Evangelho para levar a este mundo um pouco de luz.

‘É bom estarmos aqui’, botando Cristo na nossa vida, botando a fé, a esperança, o amor que Ele nos dá. Queridos amigos, nessa celebração acolhemos a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Com Maria, queremos ser discípulos e missionários. Como ela, queremos dizer ‘sim’ a Deus. Peçamos ao seu coração de mãe que interceda por nós, para que os nossos corações estejam disponíveis para amar a Jesus e fazê-lo amar. Ele está esperando por nós e conta conosco! Amém.”


Sigamos, a semana está pródiga de semadura de amor! Lucyanna

quinta-feira, 25 de julho de 2013

DICA: Revista Canção Nova Kids

Muitos já devem conhecer a revista do Clube da Evangelização da Canção Nova, mas achei a ideia tão linda que não resisti a vir aqui postar.



É gratuito. Basta inscrever a criança e receber a revista em casa.

Claro que a doação é muito importante para que o projeto seja mantido, mas tenho certeza de que o propósito é maior!

Que tal uma atividade de volta às férias na catequese? Levar o computador para a sala e inscrever a meninada? Ou então, mandar um "dever de casa" diferente...o lonk com as instruções de inscrição, para que as crianças façam o cadastro em casa, junto com os pais?

Gostaram da dica?

Então compartilhem com os amigos! O link está: AQUI

Sigamos, semeando amor, muito amor!

Lucyanna

sábado, 20 de julho de 2013

Conversando sobre Indulgências


Nós, os Católicos, acreditamos que quando Jesus disse aos Apóstolos (os 12 escolhidos) que o que eles ligassem na terra seria ligado no céu e o que eles desligassem na terra seria desligado no céu (Mt 18,18), estava incumbindo-lhes de, entre outras missões, orientar os discípulos (o povo que já os seguia naquele momento e que eram numerosos) e todos aqueles que, dali em diante se convertessem .

Pois bem. A Igreja Católica crê, portanto, que com aquelas palavras Jesus instituiu o que chamamos de Sacramento da Confissão, ou em uma visão mais moderna e ampla, Sacramento da Reconciliação. Assim, como re-ligião tem relação com re-ligar, re-conctar com Deus, a Igreja crê que existem sinais da graça em alguns ritos, em especial em 7 momentos da vida pública Católica: os 7 sacramentos.

Dividimos os sacramentos em 3 grandes grupos. Os sacramentos de iniciação, que são o início e a confirmação de que queremos caminhar na re-ligação proposta pela Igreja: Batismo, Eucaristia e Confirmação(Crisma).

Os sacramentos de serviço, que são as escolhas pessoais que podemos fazer (não é obrigado ou um ou outro, há outras possibilidades, mas nessas vemos o caminho da Santidade): Matrimônio e Ordem.

Por fim, temos os sacramentos de cura: Unção dos Enfermos, antigamente chamada de extrema unção, mas que teve o nome melhor colocado depois do Concílio, e a Confissão, também hoje melhor denominada por Reconciliação.

Bem, como dito, cremos que Cristo deu aos seus Apóstolos o poder de ligar/desligar. Daí o entendimento de que a eles cabe também ouvir as dores do povo, seus deslizes, suas dúvidas, seus medos e, ungidos dos dons do Espírito e incumbidos de cumprir a missão pelo próprio Jesus, perdoar os pecados e aconselhar, apontar o caminho a ser seguido para que a re-ligação aconteça por completo.

Eis o sacramento da Reconciliação.



O pecado abre fendas na comunhão fraterna, a reconciliação as fecha. Diz o nosso Catecismo:
“Neste sacramento, o pecador, entregando-se ao julgamento misericordioso de Deus, antecipa de certa maneira o julgamento a que será sujeito no fim desta vida terrestre. Pois é agora, nesta vida, que nos é oferecida a escolha entre a vida e a morte, e só pelo caminho da conversão poderemos entrar no Reino do qual somos excluídos pelo pecado grave. Convertendo-se a Cristo pela penitencia e pela fé, o pecador passa da morte para a vida “sem ser julgado” (Jo 5,24)” 1470

Tá, mas você quer saber o que é uma indulgência. Bem, o pecado tem uma dupla consequência – priva-nos da vida eterna (é a chamada pena eterna, que só acontece nos “pecadões” – pecados ditos mortais, que vão contra os 10 mandamentos) e gera um apego às coisas da terra (pronto, aqui entramos nos benditos “pecadinhos” também, aqueles que costumamos chamar de vícios, hábitos, manias, os 7 pecados capitais costumam começar aqui e, com o tempo nos levam aos pecados mortais). Sabe o tal purgatório? Então, seria um momento de repensar justamente esses pecados no pós-morte. O Papa João Paulo II falou muito disso, purgatório é momento, não local. É o espírito procurando morada na Casa do Pai, mas preso a coisas menores, precisando de auxílio de todos nós (através da oração) ---nossa, isso já é outra história também.

Bem, quando pecamos, então, há duas consequências. A primeira (privação da vida eterna), o sacramento da reconciliação nos restaura, mas no caso da segunda consequência (apego às coisas materiais), a dita pena temporal a coisa precisa de uma caminhada própria: obras de misericórdia, caridade, oração, práticas de penitência (jejum, abstinência), é a busca pelo “homem novo”. Esta busca virá de uma caminhada e não da conversa com o Padre...



Quando um Católico busca esta purificação, acreditamos que não estamos sós. Temos a Igreja toda conosco. São as orações dos nossos irmãos e da Igreja celeste...ou seja, uns e outros, todos nós, aproveitando-nos da santidade dos outros. Se eu rezo por você, neste momento me purifico, mas você também recebe a graça...vira uma bola de neve de amor. Esse é o dito tesouro da Igreja, a chamada Comunhão dos Santos.
E a indulgência, Lucyanna????? A indulgência é um presente da Igreja. É a Igreja, em coletivo, intervindo a favor dos cristãos e conseguindo a libertação das penas temporais de seus pecados.

Receber uma indulgência significa receber o perdão da 2ª marca do pecado: o apego às coisas daqui.

A Igreja concede indulgências em momentos raros e especiais. Por exemplo: quem participa daquela procissão da sexta-feira santa, recebe uma. Por que? Porque abriu mão das coisas da terra (feriadão, viajar...) para um momento de sofrimento e reflexão sobre a dor de Jesus e dos irmãos... Isso é ou não uma libertação do apego? Merece ou não uma indulgência?
Quem parou tudo para ver a “posse” do novo Papa recebeu uma. Por que? Porque parou por instantes as coisas da terra para dedicar-se a uma oração pelo líder da sua fé, por aquele que precisa de orações para nos guiar pela re-ligação.



Há dois tipos de indulgências: parcial ou plenária.

A primeira perdoa de um tipo de apego. Por exemplo, em uma celebração específica o Bispo pode conceder uma indulgência parcial aos fiéis ali participantes para todos os pecados de inveja, ou, por exemplo, na semana da família, agora em agosto, costumamos receber indulgências dos pecados familiares: egoísmo, preguiça, falta de serviço. É a Igreja dizendo que, diante de dias de caminhada refletindo sobre um tema e realizando gestos concretos (sem eles, nada de indulgência, seria só um “título”), aquele pecadinho largou do nosso pé.

A indulgência plenária se explica por si. É a Igreja dizendo que um momento de vida coletiva é tão maravilhoso, tão único, tão pleno. Que estamos enquanto Igreja terrestre e celeste em plena unidade, buscando a santidade, que realmente deixamos a terra para trás e nos focamos no Reino de Amor, naquele verdadeiro reino de Jesus. Neste instante, uma indulgência plenária é concedida, pois nem que seja por um instante, estamos mais próximos do Ágape.

E vamos ao catecismo:
“ A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, (remissão) que o fiel bem-disposto obtém, em condições determinadas, pela intervenção da Igreja que, como dispensadora da redenção, distribuí e aplica por sua autoridade tesouro das satisfações (dos méritos) de Cristo e dos santos.”



Eu sou perdoada não pelos meus méritos, mas pelos méritos de Cristo, que me ama, me abençoa e quer que eu me torne aquilo que Deus sonhou para mim.

Me empolguei, mas acho que deu pra perceber o quanto é maravilhoso falar da minha fé?

E viva o Papa Francisco que está dizendo: Jovens, não importa como, mas se estiveres “ligados” nas mensagens da JMJ, recebereis indulgência plenária...porque parar de twittar besteira para ler o que o Papa estiver mandando de mensagem, em unidade com toda a Juventude Católica do mundo, é ou não é uma boa razão para se dizer: você se desapegou?!

Sigamos semeando amor, Lucyanna

P.S. Esse ponto é muito importante. Houve um momento na Igreja em que indulgências eram utilizadas como moeda de troca pelos sacerdotes, que as usavam como meio de “presentear” nobres que doavam bens ou prestigiavam de alguma maneira a Santa Sé. Triste momento, que ficou no passado, e que nos serve de alerta: as coisas do alto não podem ser jamais confundidas com as da terra. E bora combinar que indulgência não é estrelinha de bom comportamento, é libertação mesmo, é certeza de que o caminho a seguir não está de todo errado, é graça, bênção, luz!