Nós, os Católicos, acreditamos
que quando Jesus disse aos Apóstolos (os 12 escolhidos) que o que eles ligassem
na terra seria ligado no céu e o que eles desligassem na terra seria desligado
no céu (Mt 18,18), estava incumbindo-lhes de, entre outras missões, orientar os discípulos
(o povo que já os seguia naquele momento e que eram numerosos) e todos aqueles
que, dali em diante se convertessem .
Pois bem. A Igreja Católica crê,
portanto, que com aquelas palavras Jesus instituiu o que chamamos de Sacramento
da Confissão, ou em uma visão mais moderna e ampla, Sacramento da Reconciliação.
Assim, como re-ligião tem relação com re-ligar, re-conctar com Deus, a Igreja
crê que existem sinais da graça em alguns ritos, em especial em 7 momentos da
vida pública Católica: os 7 sacramentos.
Dividimos os sacramentos em 3
grandes grupos. Os sacramentos de iniciação, que são o início e a confirmação
de que queremos caminhar na re-ligação proposta pela Igreja: Batismo,
Eucaristia e Confirmação(Crisma).
Os sacramentos de serviço, que
são as escolhas pessoais que podemos fazer (não é obrigado ou um ou outro, há
outras possibilidades, mas nessas vemos o caminho da Santidade): Matrimônio e
Ordem.
Por fim, temos os sacramentos de
cura: Unção dos Enfermos, antigamente chamada de extrema unção, mas que teve o
nome melhor colocado depois do Concílio, e a Confissão, também hoje melhor
denominada por Reconciliação.
Bem, como dito, cremos que Cristo
deu aos seus Apóstolos o poder de ligar/desligar. Daí o entendimento de que a
eles cabe também ouvir as dores do povo, seus deslizes, suas dúvidas, seus medos
e, ungidos dos dons do Espírito e incumbidos de cumprir a missão pelo próprio
Jesus, perdoar os pecados e aconselhar, apontar o caminho a ser seguido para
que a re-ligação aconteça por completo.
Eis o sacramento da
Reconciliação.
O pecado abre fendas na comunhão fraterna,
a reconciliação as fecha. Diz o nosso Catecismo:
“Neste sacramento, o pecador,
entregando-se ao julgamento misericordioso de Deus, antecipa de certa maneira o
julgamento a que será sujeito no fim desta vida terrestre. Pois é agora, nesta
vida, que nos é oferecida a escolha entre a vida e a morte, e só pelo caminho
da conversão poderemos entrar no Reino do qual somos excluídos pelo pecado
grave. Convertendo-se a Cristo pela penitencia e pela fé, o pecador passa da
morte para a vida “sem ser julgado” (Jo 5,24)” 1470
Tá, mas você quer saber o que é uma
indulgência. Bem, o pecado tem uma dupla consequência – priva-nos da vida
eterna (é a chamada pena eterna, que só acontece nos “pecadões” – pecados ditos
mortais, que vão contra os 10 mandamentos) e gera um apego às coisas da terra
(pronto, aqui entramos nos benditos “pecadinhos” também, aqueles que costumamos
chamar de vícios, hábitos, manias, os 7 pecados capitais costumam começar aqui
e, com o tempo nos levam aos pecados mortais). Sabe o tal purgatório? Então,
seria um momento de repensar justamente esses pecados no pós-morte. O Papa João
Paulo II falou muito disso, purgatório é momento, não local. É o espírito
procurando morada na Casa do Pai, mas preso a coisas menores, precisando de
auxílio de todos nós (através da oração) ---nossa, isso já é outra história
também.
Bem, quando pecamos, então, há duas consequências. A primeira (privação da vida eterna), o sacramento
da reconciliação nos restaura, mas
no caso da segunda consequência (apego às coisas materiais), a dita pena temporal a coisa precisa de uma caminhada própria: obras de
misericórdia, caridade, oração, práticas de penitência (jejum, abstinência), é
a busca pelo “homem novo”. Esta busca virá de uma caminhada e não da conversa
com o Padre...
Quando um Católico busca esta purificação, acreditamos que não estamos
sós. Temos a Igreja toda conosco. São as orações dos nossos irmãos e da Igreja
celeste...ou seja, uns e outros, todos nós, aproveitando-nos da santidade
dos outros. Se eu rezo por você, neste momento me purifico, mas você também
recebe a graça...vira uma bola de neve de amor. Esse é o dito tesouro da
Igreja, a chamada Comunhão dos Santos.
E a indulgência, Lucyanna????? A indulgência é um presente da Igreja. É a
Igreja, em coletivo, intervindo a favor dos cristãos e conseguindo a libertação
das penas temporais de seus pecados.
Receber uma indulgência significa
receber o perdão da 2ª marca do pecado: o apego às coisas daqui.
A Igreja concede indulgências em
momentos raros e especiais. Por exemplo: quem participa daquela procissão da
sexta-feira santa, recebe uma. Por que? Porque abriu mão das coisas da terra
(feriadão, viajar...) para um momento de sofrimento e reflexão sobre a dor de
Jesus e dos irmãos... Isso é ou não uma libertação do apego? Merece ou não uma
indulgência?
Quem parou tudo para ver a “posse”
do novo Papa recebeu uma. Por que? Porque parou por instantes as coisas da
terra para dedicar-se a uma oração pelo líder da sua fé, por aquele que precisa
de orações para nos guiar pela re-ligação.
Há dois tipos de indulgências: parcial ou plenária.
A primeira perdoa de um tipo de
apego. Por exemplo, em uma celebração específica o Bispo pode conceder uma
indulgência parcial aos fiéis ali participantes para todos os pecados de
inveja, ou, por exemplo, na semana da família, agora em agosto, costumamos
receber indulgências dos pecados familiares: egoísmo, preguiça, falta de
serviço. É a Igreja dizendo que, diante de dias de caminhada refletindo sobre
um tema e realizando gestos concretos (sem eles, nada de indulgência, seria só
um “título”), aquele pecadinho largou do nosso pé.
A indulgência plenária se explica
por si. É a Igreja dizendo que um momento de vida coletiva é tão maravilhoso,
tão único, tão pleno. Que estamos enquanto Igreja terrestre e celeste em plena
unidade, buscando a santidade, que realmente deixamos a terra para trás e nos
focamos no Reino de Amor, naquele verdadeiro reino de Jesus. Neste instante,
uma indulgência plenária é concedida, pois nem que seja por um instante,
estamos mais próximos do Ágape.
E vamos ao catecismo:
“ A indulgência é a remissão,
diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à
culpa, (remissão) que o fiel bem-disposto obtém, em condições determinadas,
pela intervenção da Igreja que, como dispensadora da redenção, distribuí e
aplica por sua autoridade tesouro das satisfações (dos méritos) de Cristo e dos
santos.”
Eu sou perdoada não pelos meus méritos, mas pelos méritos de Cristo,
que me ama, me abençoa e quer que eu me torne aquilo que Deus sonhou para mim.
Me empolguei, mas acho que deu
pra perceber o quanto é maravilhoso falar da minha fé?
E viva o Papa Francisco que está dizendo: Jovens, não importa como, mas
se estiveres “ligados” nas mensagens da JMJ, recebereis indulgência
plenária...porque parar de twittar besteira para ler o que o Papa estiver
mandando de mensagem, em unidade com toda a Juventude Católica do mundo, é ou
não é uma boa razão para se dizer: você se desapegou?!
Sigamos semeando amor, Lucyanna
P.S. Esse ponto é muito
importante. Houve um momento na Igreja em que indulgências eram utilizadas como
moeda de troca pelos sacerdotes, que as usavam como meio de “presentear” nobres
que doavam bens ou prestigiavam de alguma maneira a Santa Sé. Triste momento,
que ficou no passado, e que nos serve de alerta: as coisas do alto não podem
ser jamais confundidas com as da terra. E bora combinar que indulgência não é
estrelinha de bom comportamento, é libertação mesmo, é certeza de que o caminho
a seguir não está de todo errado, é graça, bênção, luz!
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