Eu não sei você, mas eu sou uma daquelas pessoas que é altamente influenciada pela primeira impressão das coisas. Vale para comidas, para pessoas, para locais, para quase tudo... Se eu gostar logo no primeiro momento, pronto, será um caso de amor duradouro. Por outro lado, se eu não for fisgada rapidamente, as chances de conquista diminuem de maneira considerável. Amor a primeira vista, para mim, é fato, ao menos no sentido de empatia, pois, amor mesmo, como falarei em outra ocasião, é algo que pressupõe conhecimento, intimidade.
Voltando ao aspecto da primeira vez, sinto-me na obrigação de apresentar para todos o meu primeiro dia de catequista...
Após um curso de capacitação e um breve estágio em uma Turma de pré-catequese (Turma B), quis o Senhor que eu fosse trabalhar com jovens que acabavam de receber sua primeira Eucaristia e ingressavam na Perseverança 1. Desconfio que a escolha foi feita levando em consideração minha caminhada de sete anos em um grupo jovem e a minha idade (naquele tempo, 21 anos).
Acredito que a idade foi considerada pelo Pároco e pela coordenadora como provável aliada na conquista dos pré-adolescentes, mas meu coração me dizia o contrário: não seria nada fácil gerar empatia, pois olhariam para mim como uma menina, próxima deles, e não como uma catequista, repleta de conhecimentos.
O que fiz? Rezei.
Outro complicador naquele instante era o número de jovens com os quais eu iria trabalhar e o fato de estar sozinha em sala, pois só mais tarde pude receber um seminarista para partilhar comigo a responsabilidade. Naquele instante, eram mais de vinte pessoinhas, cada uma vivendo os conflitos inevitáveis da fase da vida onde mais somos exigidos pelos hormônios, a faixa de 12 a 14 anos.
O que fiz? Rezei.
Finalmente, havia o desafio de estar ingressando em uma nova comunidade, em uma Paróquia diferente daquela onde eu havia, até então, caminhado. Poucas eram as faces conhecidas, muitas pessoas a conquistar.
O que fiz? Rezei.
Rezei. Pode parecer estranho, mas não conheço arma mais eficaz do que a oração na vida catequética. Por isso, desde o primeiro instante, rezei. Pedi que Nossa Senhora fosse minha guia e que Jesus estivesse presente em cada um dos meus pensamentos, palavras e atos.
E o que aconteceu?
Bem, preparei um encontro bastante dinâmico para o primeiro dia. Montei um painel gigante onde havia um jardim, uma nuvem e várias gotas de chuva. As gotas eram os jovens (escrevi o nome de cada um em uma gota diferente) e a nuvem era Jesus.
Os crachás eram nuvens pequenas, mas sem o nome de ninguém, pois preparei uma dinâmica inicial de apresentação onde o nome do crachá era escrito pelo companheiro sentado à direita do jovem.
Como era o primeiro dia, fui preparada para realizar várias dinâmicas de apresentação, todas leves, descontraídas e bastante agitadas.
E o que aconteceu? Bem, no primeiro dia como catequista, aprendi a primeira lição de todo guerreiro – quem vai à luta deve estar preparado para a luta, deve conhecer todas as suas armas e todos os seus limites.
Explico. Ao chegar na minha sala, me deparei com um ambiente pequenino, onde não havia cadeiras suficientes, tão pouco caberiam tais cadeiras para todos os jovens. Dinâmicas agitadas seriam impossíveis, primeiro porque o calor era incrível, depois porque, devido ao tamanho do local, não seriam permitidas movimentações de grande vulto.
E agora? O que fazer? Eu estava lá por volta de meio dia, o encontro começaria às duas e quarenta e cinco da tarde. Já não era possível reformular tudo, mas também seria inviável realizar as coisas como imaginado...
Bem, após parar tudo, ir à Capela e rezar pedindo que o Espírito Santo tomasse à frente do encontro, voltei para a sala e montei o painel gigante do lado de fora, na parede. Depois, organizei a sala sem as cadeiras mesmo, todos deveriam sentar no chão, inclusive eu. Finalmente, fui ao encontro da coordenadora e perguntei se poderia realizar algumas atividades no pátio central.
Dei sorte! Apesar do calor e do aperto, os jovens participaram ativamente do encontro, gostaram muito do painel e se deliciaram com as dinâmicas realizadas no pátio central. Sei hoje que a primeira impressão deles foi boa, mas me pergunto se eu fui a responsável principal por isso. Sei que a resposta é negativa. Não fosse a Providência, não fosse o Espírito de Deus iluminar e acalmar meu coração, eu teria tido um primeiro encontro catastrófico.
Daquele dia em diante, coloquei a preparação como principal item da minha catequese. Aprendi a pensar os encontros conhecendo o máximo de variantes possíveis...Afinal, não fosse a minha coordenadora flexível, teria sido inviável trabalhar o encontro do lado de fora da sala e tudo o que eu havia planejado não ocorreria. A consequência, por óbvio, seria uma péssima primeira impressão dos jovens e, ao menos para aqueles como eu, o desinteresse pela continuidade da caminhada.
Minha primeira impressão como catequista foi a de que Deus nos capacita, mas nós precisamos nos organizar. Responsabilidade e seriedade são aspectos relevantes não só na vida profissional. Catequistas necessitam dessas virtudes. Por isso, rezar e se preparar são atitudes essenciais para os que aceitam o chamado de catequizar.
Abraços, Lucyanna
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