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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Três encontros, um tema, um método



Conforme prometido no último post, vou apresentar um exemplo de trabalho dentro do método ver-iluminar-agir. Na verdade, serão três encontros, um para cada faixa de idade, mas sempre no mesmo tema. Falando no tema, já que a ideia é que a catequese esteja sempre relacionada à realidade dos catequizandos e tendo em vista a recente beatificação do Papa João Paulo II e da nossa querida Irmã Dulce, escolhi como tema de trabalho a Santidade.

“Dirás a toda a assembléia de Israel o seguinte: sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” Levítico 19,2

Sede Santos. Que chamado agressivo do Senhor, que proposta indecorosa, que desafio aterrador...sede santos. Eis o nome do encontro que hoje montarei, em três versões distintas. Espero que eles sejam úteis, não só para esclarecer como o método deve ser utilizado, mas, quem sabe, para efetiva aplicação. Se eu atingir um dos objetivos e um único leitor, já estarei feliz.

Bem, o primeiro encontro que proponho é voltado para as crianças mais novas, de até 9 anos. Para mim, esta é a faixa de idade mais complicada de trabalhar. Por outro lado, conheço catequistas que entrariam em uma briga para ficar com turminhas de pequeninos. No meu ponto de vista, a tarefa do catequista neste momento é quase a do evangelizador mesmo, é apresentar o Querigma e lutar para que, no fim do ano catequético, as crianças criem uma intimidade enamorada com o Senhor. Minha proposta para essa faixa de idade seria algo assim:

Acolhida – receber as crianças na porta. Abraçar um por um. Realizar uma oração inicial.

Ver – passar um vídeo rápido com desenho animado de santos (Dica: no site das Paulinas você encontra dois DVD’s bem interessantes sobre o tema, eu não passaria o vídeo inteiro, mas um trecho dele. Cada DVD da coleção um sai a 23,90, um ótimo investimento, que pode ser rachado com os demais catequistas - http://www.paulinas.org.br/loja/DetalheProduto.aspx?IDProduto=7286)

Iluminar – como são pequeninos, um trecho pequenino da Bíblia, um pérola: Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.João, 15,12.

Vocês podem confeccionar um cartaz em papel pardo com este trecho da Bíblia transcrito e colocar a folha no meio da sala, mas virada de costas. Após realizar a leitura, basta virar o cartaz e iniciar uma conversa com os pequenos, perguntando para eles como podemos demonstrar que amamos os outros. Seria interessante encaminhar a conversa para que surja a conclusão de que existem várias maneiras de amar e diferentes gestos que transparecem isso.

Agir – crianças são campeãs em desenho, não é mesmo? Pelo menos o meu mais velho, com seus poucos 2 anos e 6 meses, já se considera um verdadeiro cartunista (minhas paredes que testemunhem, coitadinhas!!!). Então sugiro que cada um receba uma folha e que vocês peçam que eles façam um autoretrato (como ficou feio escrever assim!). Permitam que este momento seja bem lúdico, leve. Prepare canetinhas, lápis de cor, gizes de cera, quem sabe até tinta guache...tudo para que eles soltem a imaginação.
Depois que todos concluírem seus desenhos, peça que escrevam na mesma folha três qualidades que eles tem e que lembram as qualidades dos santos ou, para manter a mesma linguagem do iluminar, três formas como eles demonstram o amor que sentem pelas pessoas. (Dica: enquanto os pequenos estiverem pensando, aproveite para reforçar a autoestima dos que costumam escutar que são “diabinhos”, “encapetados”. Chegue perto, abrace, se eles estiverem com dificuldades para pensar nas atitudes, ajudem, digam o quanto eles são alegres e, com isso, alegram a vida dos demais, por exemplo.)

Ao final, cole os desenhos no cartaz de papel pardo e pendure na parede. A turminha acaba de montar o seu painel de Santos de Deus! Toda vez que olhar para o desenho, a criança lembrará que tem qualidades, que sabe amar e que isso é o que poderá o tornar Santa!!

Celebrar – A oração final pode ser ouvir a Oração de São Francisco cantada, que tal?

Rever – No próximo encontro, seria bom reservar um tempinho para olhar o cartaz, ou então, começar com uma oração inicial agradecendo pelo dom de amar.

Primeira etapa do desafio concluída! Vamos para o encontro da turma A, que receberá a eucaristia. São crianças de 10 a 12 anos. Gosto dessa turminha porque já há um senso crítico bem aguçado, uma curiosidade própria e uma certa independência no pensar. Já podemos dar um passo a mais na profundidade da mensagem do encontro. Vejamos a aplicação da técnica.

Preparação – no dever de casa (em breve farei um post explicando o que chamo de dever de casa), peça que eles pesquisem algo sobre a beatificação do Papa João Paulo II e da irmã Dulce.

Acolhida – receber as crianças na porta com uma lembrancinha graciosa: um coração, onde está escrita a passagem de Pedro 1, 15-16. Oração inicial com a Oração do Espírito Santo.

Ver – Espalhar no chão recortes com imagens de João Paulo II e irmã Dulce. Perguntar quem pesquisou e agregar os resultados das pesquisas no chão (dica: lembrem-se que catequista precisa ser prevenido – levem 2 ou 3 reportagens na manga). Conversar com eles sobre o que sabem sobre essas duas personalidades. Quando viveram, onde viveram, o que faziam, quais as qualidades que as pessoas dizem que eles tinham, quais os defeitos, o que eles tinham de diferente (ex. sexo), o que eles tinham em comum (ex. vida consagrada, religiosidade). Provoquem as crianças: eles são modelos a seguir? É possível fazer o mesmo? Eles eram iguais ou diferentes de nós?

Iluminar – Realizar a leitura de Pedro 1,15-16 (se houver clima e maturidade na turma, pode-se estender um pouco mais o trecho da leitura):A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo {Lv 11,44}.

É hora de iluminar: o que o Papa João Paulo II e a irmã Dulce fizeram que lembra a santidade de Deus (aquele que vos chamou)? Eles são humanos como nós, de carne, osso e pecado, então por que a Igreja os considera especiais? Seria possível que nós agíssemos como eles? (dica: cheguem com a definição de beato e de santo na ponta da língua, pois eles irão perguntar)

Agir – O desenrolar da conversa deve levar à conclusão de que todos podemos trilhar o caminho da santidade, mas que esse caminho não é simples, requer sacrifícios. Com essa premissa, divida a turma em 2 grupos e monte um jogo de tabuleiro (estilo jogo da vida) para que eles possam jogar. O diferencial é que eles serão os peões, amarre as crianças do mesmo grupo todas juntas, para que formem o peão. Assim, teremos dois peões, um do grupo A, outro do grupo B.Leve dados.

O tabuleiro será o próprio chão, onde deverão ser feitos vários quadradinhos numerados com fita crepe (assim, ao final do encontro, a sala ficará impecável, pois é só retirar a fita). Faça uma réplica do jogo em papel e guarde com você. Peça, então para que tirem par ou impar e a equipe vencedora começa, lançando os dados. 

Para que fique interessante, cada quadrado do tabuleiro deve estar apenas numerado, somente na sua versão impressa é que as atividades surgem. Vamos a alguns exemplos delas: 1-toda caminhada requer perseverança, já que você começou devagar, percam a vez; 2-ser santo requer oração, ajoelhem-se até a próxima rodada; 3-Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. Que o Espírito Santo sopre em suas vidas e os ajude a caminhar, pulem 2 casas; 4-Maria é o exemplo maior de santidade e como boa mãe ela nos guia, pulem 1 casa; 5-nem sempre caminhar é fácil, por isso humildade para recomeçar é preciso, volte ao começo... e assim por diante.

Celebrar – A brincadeira é bem agitada, por isso, sugiro uma música para celebrar. Que tal Sede Santos, da banda Vida Reluz? Coloque a música bem alta e aos poucos vá abaixando o volume, até que fique apenas a melodia ao fundo. Neste momento, agradeça pela possibilidade que Deus dá para que todos os seus filhos sejam Santos.
Encerre entregando para todos uma oração onde haja o compromisso de caminhar na busca pela santidade.

Rever – Pergunte no próximo encontro como foi a semana e se o propósito de buscar a santidade mudou algum comportamento deles.

Vamos que vamos: Por último, mas não menos desafiador, apresentarei a versão do encontro para uma turma mais velha, de perseverança, com jovens de 13 a 15 anos. Confesso que é minha faixa de idade mais confortável. Credito essa predileção à minha origem de grupos jovens (você leu o primeiríssimo post? Lá eu explico). Além de mais profundo, o encontro permite um tom mais provocador.

Preparação – Durante a semana, eu tentaria copiar um trecho do filme Damião, o santo de Molokai ou do Irmão Sol, irmã Lua e passaria para o site da turma (dica: quem trabalha com jovem precisa falar a linguagem deles. Sugiro que vocês criem uma página no orkut, no facebook, criem um twitter ou um grupo no yahoo...).

Acolhida – Em uma sala toda escurecida, apenas com uma vela acesa no centro do círculo de cadeiras, eu receberia os jovens em silêncio ou com poucas palavras. Sem convida-los, mas apenas ficando de pé e aguardando que eles repetissem o gesto, o encontro começaria com a oração da serenidade.

Ver – Após todos estarem sentados, diga o seguinte: Queridos, hoje é o último dia da humanidade. Isso mesmo, chegou a hora do juízo final. Todos somos chamados a entregar ao Senhor nossas obras, as vitórias que, em nome Dele alcançamos. Somos também convidados a confessar nossos erros, nossas falhas, nossos pecados. Não haverá amanhã, não haverá outra chance. Acabou.

Neste momento, entregue para cada um uma folha de papel e peça para que escrevam ali a sua respectiva realidade de fé. Onde eles estão bem, onde eles estão mal. Peça que escrevam quatro atitudes que os tornariam dignos de serem chamados pelo Pai e quatro atitudes que os afastam do Pai.

Este momento pode ser acompanhado por uma suave música ao fundo. Pedir que eles dobrem as folhas.

Iluminar – Como é um grupo mais maduro, sugiro duas leituras: Efésios 2,19 e Mateus 25 (o capítulo inteirinho mesmo)

O que essas passagens significam? Se somos membros da família de Deus, somos capazes de amar, mas será que estamos caminhando para a luz ou para a escuridão? Onde podemos melhorar? Onde precisamos melhorar?

Agir – Neste encontro, podemos propor um verdadeiro agir transformador: peça que cada um se levante e deposite seu papel aos pés da vela, em uma bacia preparada com álcool (pouco, por favor!!!). Enquanto isso, um dos jovens do grupo que saiba tocar violão, ou então o próprio catequista, poderia tocar e cantar a música Renova-me e todos poderiam acompanhar.

Celebrar – Veja que nesse encontro o agir ficou bem próximo do celebrar. Por isso, o momento do celebrar poderia ser encerrando o encontro do lado de fora da sala. Um jovem levaria a bacia e outro a vela. Todos, então, caminhariam para a área externa da Igreja e formariam um círculo. No centro, a bacia. Então, todos rezariam uma oração pedindo a santidade (que tal essa para o Papa João Paulo II?) e o jovem com a vela queimaria os papeis.

Rever – da mesma forma como o encontro da turma A, sugiro uma breve discussão no próximo encontro sobre como o encontro anterior afetou o comportamento de cada um durante a semana.

Ufa! Consegui vencer o desafio de montar os três encontros com diferentes abordagens para o mesmo tema, mas com uma coisa em comum: o uso do ver-iluminar-agir. Que tal vocês tentarem? Escrevam aqui suas impressões! Como vocês fariam?

Espero vocês no próximo post, quando falarei sobre os famosos, questionados e temidos deveres de casa!

Um grande abraço, Lucyanna


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